Espetacular Homem-Aranha parece desafiar o espectador a aceitar
seus absurdos. Isto, claro, quando não está tratando o público como
imbecil completo ao incluir animaçõezinhas que trazem vários Lagartos
surgindo em uma tela para ilustrar o plano do vilão ou quando vemos uma
aranha desenhada no quadro negro do pai de Peter Parker para entendermos
a ligação entre o sujeito e o que ocorrerá ao filho anos depois. E o
que dizer da recepcionista que pergunta duas vezes se o protagonista está “tentando se achar”,
numa metáfora pedestre que se torna ainda mais podre ao ser repetida?
(A repetição, aliás, parece estratégia do roteiro, já que o capitão
Stacy logo depois fará duas piadas comparando a aparição do Lagarto aos ataques de Godzilla em Tóquio.)
Dirigido por Webb com um ritmo terrivelmente irregular, O Espetacular Homem-Aranha
é uma experiência aborrecida como seu personagem-título: em vários
momentos, paramos para ver Parker e Gwen (Stone, linda, mas no piloto
automático) conversando desajeitadamente em meio a longas e entediantes
pausas; em outros, somos mergulhados em batalhas burocráticas dominadas
por efeitos digitais e que poderiam perfeitamente ter saído do clímax de
qualquer um dos demais capítulos da série. E se o 3D empregado pela
produção é autêntico em vez de convertido, isso acaba não fazendo
diferença alguma, já que é mal utilizado por Webb, que se limita no
máximo a incluir alguns planos subjetivos que, além de destoarem de todo
o restante de sua abordagem narrativa, ainda soam como protótipos da
inevitável atração a ser construída em algum parque temático da Marvel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário